Uma vez que golfista, o que mais escuto é que o golfe é um esporte de networking.
No último texto, falei sobre porquê o tempo é fundamental para fazer a modalidade ter o maior potencial de conexões estratégicas. Mas o tempo não é o único ativo nesse jogo de relacionamentos.
Existem outros fatores que fortalecem a crédito entre golfistas e um deles é pouco percebido por quem está de fora: o golfe não tem juiz.
No golfe, não há perito em campo. É o próprio jogador que anota os cartões de pontuação, mesmo quando ninguém está por perto.
Se perdeu uma globo ou errou uma tacada, cabe ao golfista registrar isso com honestidade e isso diz muito sobre quem você é.
Mas logo ninguém trapaceia no golfe? Infelizmente, sim. Mas quem o faz, não prospera no esporte.
Aos poucos, esses jogadores são naturalmente excluídos dos grupos. A comunidade do golfe valoriza e protege seus códigos. Em quatro horas de campo, a índole aparece, não tem jeito.
Se alguém se irrita excessivamente com um erro, talvez também seja desequilibrado na mesa de negócios. Se manipula o próprio cartão para tirar vantagem, provavelmente buscará atalhos fora do campo também. Esses são os chamados “pistoleiros” e sua reputação não vagar a desabrochar.
Aliás, o golfe é um esporte de etiqueta e postura. Existe dress code, saudação ao campo, comportamento adequado.
Quem joga há anos, cultiva boas amizades e é muito visto nos bastidores, tende a ser alguém em quem se pode incumbir.
Para fechar: tive chegada a uma pesquisa antiga da CBGolfe, que mostrou que 90% dos golfistas preferem fazer negócios com outros golfistas ou com marcas que investem na modalidade.
Portanto, o golfe é um esporte de networking.
Mas não exclusivamente porque pessoas de sucesso o praticam e sim porque quem respeita o golfe geralmente também respeita as regras da boa convívio e dos bons negócios.
Henrique Kirilauskas é apresentador do The Golf Brasil, da CNN.