Quando falamos sobre esportes e negócios, o golfe é frequentemente assinalado uma vez que o cenário ideal para fazer networking.
Mas a pergunta que poucos conseguem responder é: por que o golfe é tão poderoso uma vez que utensílio de relacionamento estratégico?
A resposta vai muito além da presença de executivos, empresários, investidores, homens e mulheres de sucesso nos campos.
A modalidade traz um envolvente simbólico, onde reputações são construídas, valores são testados e alianças são forjadas com tempo, contexto e verdade.
Costumo proferir que quem prospera no golfe, tem longevidade nesse esporte e amigos em campo, também é, quase sempre, uma pessoa confiável e por isso eu faria negócios com ela.
Ouso primar alguns elementos: honestidade, etiqueta, valores, pertencimento e o tempo, isso mesmo, o tempo. Comecemos por ele.
O tempo uma vez que ativo
Uma partida de golfe pode insistir entre quatro e cinco horas. Não há cronômetro correndo, nem placares digitais gritando por atenção. Ao contrário: há silêncio, pausa e espaço para conversar. E o que isso representa no mundo atual? Muito.
Enquanto o tênis coloca os jogadores em lados opostos da quadra e o ciclismo exige foco individual mesmo quando praticado em grupo, o golfe cria um envolvente em que as pessoas caminham lado a lado, compartilham o mesmo objetivo e se observam mutuamente por horas.
Em um mundo apressurado, do dedo e das redes sociais, o golfe nos permite ter novamente contato com a natureza, com a mente e com as próprias ideias. A modalidade nos traz sossego.
Não há distrações. Exclusivamente campo, concentração, conversas e pequenas atitudes que juntas revelam traços de personalidade mais verdadeiros do que um currículo de dez páginas.
Nesse cenário, o tempo se transforma em alguma coisa valedoiro. Ele permite que ideias fluam naturalmente, sem a pressão de agendas lotadas ou discursos ensaiados.
Surgem ali conversas profundas, confidenciais, estratégicas. Porque ninguém joga uma partida de golfe fingindo ser quem não é, o campo exige presença e transparência.
Se for verdade aquela máxima de que “tempo é verba”, logo sim, o golfe é, definitivamente, um esporte de luxo.
Henrique Kirilauskas é apresentador do The Golf Brasil, da CNN.